quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O Poder da Música

Postado Por: with Sem Comentarios
O que pode ser mais reconfortante do que ouvir no rádio uma música que marcou uma fase alegre da vida em um dia de desespero ou solidão? “A música une as pessoas. É o mais profundo medicamento não químico.” A afirmação é do neurologista inglês Oliver Sacks, autor do ótimo Alucinações musicais. Segundo ele, o poder da música para integrar e curar é fundamental. Para o escritor indiano Salman Rushdie, em seu romance O chão que ela pisa, a música é o dom divino que nos salva da miséria humana.
A ciência concorda com a poesia: ritmo, melodia e movimentos são exclusivos do homem, fundamentais na evolução humana e com efeitos ativos no cérebro. Pessoas com Alzheimer ou que sofreram derrame respondem a
estímulos da música, por exemplo.
    O musicoterapeuta e professor de YOGA Diogo Camargo utiliza o poder da música para cuidar de pacientes com as mais variadas questões: “YOGA e música são ferramentas que abrangem a totalidade do ser, partindo para a vivência prática e visceral, concretizando na matéria consciência, harmonia, cura, orientação, ritmo, disciplina e valores éticos”. Além das sessões de musicoterapia, Diogo gravou o CD Mantras do Coracão, com Marcio Assumpção, e toca em aulas de YOGA ao lado de Anita Carvalho. “Faço práticas silenciosas também. Acredito na tradição, em praticar asanas ouvindo apenas a respiração. Mas a música me trouxe mais uma ferramenta para ir de encontro com a minha natureza. Vi que os alunos também ficaram mais conectados na aula”, explica a professora.
No Yoga, há várias maneiras de se beneficiar com a música, que passam do Bhakti ao Nada Yoga (veja detalhes a seguir). Krucis, músico discípulo do sitarista indiano Ustad Aashish Kahn, acredita fortemente na música como meio para sair do estado de estresse. “As pessoas deixam o pensamento brotar demais, e a música traz a pessoa para o foco. Toda possibilidade de cura vem do esvaziamento, para que a pessoa consiga se ver, enxergar o mal que a atinge”, diz.
Krucis acompanha professores em aulas de Yoga e também oferece sessões particulares de Nada Yoga. “O trabalho é tocar para o aluno/ paciente relaxar. É resgatar o som interno de cada um, que é como um DNA para a pessoa entrar em contato com o seu eu no aqui e agora – esse é o ‘religar’ da pessoa”.

   Musicoterapia
Diogo Camargo
A sessão começa com uma aula particular de Hatha Yoga para o paciente se aquietar, soltar o corpo e conectar-se consigo. No consultório equipado do novo centro Natureza do Ser, os processos variam de acordo com o que Diogo intui para cada paciente. Uma das possibilidades é COMEÇAR pelo didgeridoo (uma espécie de berrante dos aborígines australianos, popularizado pela banda Jamiroquai). O musicoterapeuta faz o instrumento vibrar em várias partes do corpo do paciente.
Depois, o som da tigela tibetana ressoa sobre o chakra do coração. Na sequência, deita-se em uma mesa lira, que é uma caixa de ressonância, com 42 cordas de aço embaixo, todas afinadas no mesmo tom. Diego dedilha as cordas, variando a velocidade e a intensidade, e o paciente percebe as vibrações por todo o corpo, através do campo de ressonância. Essas vibrações atuam na base da espinha, espalhando-se pelas vértebras, estimulando o sistema nervoso e os chakras. A sessão pode terminar com Diogo no violão convidando o paciente a improvisar, tocar as notas que quiser em um xilofone.
Diogo trabalha desde 2007, quando se formou em musicoterapia na FMU e em Yoga, pelo Instituto de Yogaterapia de Campinas, espaço de sua mãe, que trabalha com o Yoga desde que ele nasceu.

   Bhakti YOGA
Jai Uttal
Muitos de nós pensamos o YOGA como um conjunto de exercícios que oferecem mais beleza física e estamina, com ocasionais meditações para efeitos calmantes. Mas isso é só uma pequena parte. E o coração? E o mar das emoções humanas?
Milhares de anos atrás, os rishis (videntes, sábios) nos deram os sistemas do YOGA para nos trazer a um estado de harmonia, paz e união com o Divino. Esses yogis tinham consciência de todos os níveis – físico, mental, emocional – que compõem o ANIMAL humano, e criaram práticas para levar luz a todo o ser. E eles nos deram o Bhakti Yoga, o Yoga da devoção, que canaliza a energia que pode nos levar à liberação e a usa como ponte para nos levar de volta à nossa Fonte.
A essência do Bhakti é a entrega – oferecer um eu individual ao grande oceano de consciência pura. A prática nos leva a um reino onde as qualidades racionais são pouco poderosas perto do vasto oceano do sentimento. O coração conduz.
Kirtan, a prática de cantar os nomes ou mantras dos deuses e deusas, é talvez a técnica mais importante em Bhakti Yoga. Externamente, estamos apenas cantando músicas repetitivas com melodias simples. Tentamos colocar nossas mentes analíticas de lado e cantamos com o coração. Então a mágica acontece. Imergimos no infinito rio da oração que flui desde os primeiros humanos.
Às vezes, quando canto, sinto a presença de Radha e Krishna ou Shiva ou Hanuman, e outras vezes as canções me levam ao fundo do meu coração. E às vezes não sinto nada espiritual.
Mas quer saber? Não importa muito para mim. Entendo que a minha mente é um mecanismo limitado e que o reino miraculoso do espírito pode ser compreendido apenas pelo espírito. Crenças têm seu valor. Mas para mim o coração é muito mais importante. Como posso ser um bom pai e marido? Como posso manter o meu coração aberto?

   Nada Yoga
Julio Gopala
O que é Nada Yoga?
Tenho utilizado a palavra naad, que soa mais próxima do sânscrito e não induz ao niilismo! Naad Yoga é uma prática muito antiga, inerente ao Tantra, Hatha Yoga, Bhakti Yoga e sufismo, apenas como referências. Na verdade ela consiste no desvendar interno da nossa própria natureza sonora e vibrante, acessando diretamente a energia shakti por meio de exercícios prânicos sutis. É uma via muito direta de sentir e descobrir a si mesmo.
Como é o seu trabalho que envolve música e YOGA/ meditação?
É uma abordagem natural, que se desenvolve a partir da própria sensibilidade do praticante para respirar, cantar e meditar. Como em outras vertentes, é importante estar “de bem” com o próprio corpo, por isso sempre sugiro uma prática de asanas paralelamente. O pranayama ajuda a oxigenar o cérebro e permite um fluxo prânico benéfico à utilização posterior da voz. Aqui também aprendemos a gostar da nossa própria capacidade vocal, liberando preconceitos estéticos ou padrões de baixa autoestima relacionados. Em seguida são aplicadas técnicas que integram raga e mantra visando à meditação.
Você vem do jazz e se especializou em música indiana. Acha que outros gêneros podem ser utilizados com quem não tem paciência com sons indianos?
Qualquer música é um bom começo, mas se desejarmos sentir mais os harmônicos (shruti) entre as notas e acessar a profundidade dos mantras, a música indiana aliada à tradição védico/tântrica ainda são dificilmente substituíveis. É bom frisar que muito do que se escuta em centros de YOGA não se trata realmente de música indiana, mas sim de uma galera bem-intencionada que canta e toca melodias ocidentalizadas, agregando mantras ou bhajans indianos. Por razões culturais, não se poderia esperar que fosse de outra maneira. A vibração e os resultados são, porém, necessariamente distintos do trabalho mais tradicional. Aqui falamos de gunas (modos complementares da natureza), gravitando de rajas (agitado) a sattwa (tranquilo, harmonioso). Mas no final toda expressão sincera é válida, pois abre canais sonoros. Obviamente existem muitas vias, a questão é transformar a coisa em sadhana e fazer as pazes com a dona paciência! Seja como for, passos bem orientados, com o tempo, deixarão a pessoa satisfeita.

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